Uma contagem normal de linfócitos em adultos varia entre 1.000 e 3.500/μL, correspondendo de 20 a 40% dos leucócitos totais.
A linfocitose em adultos é definida como sendo a contagem absoluta de linfócitos maior que 4.000/μL (quatro mil linfócitos por microlitro de sangue).
Porém, quando estamos estudando recém-nascidos e crianças, a contagem absoluta normal de linfócitos é significativamente maior.
Por exemplo, um bebê com três dias de vida pode ter de 2.000 a 11.500 linfócitos/μL. Em uma criança de dois a sete anos, esses valores normais podem chegar a 8.000/μL.
Sendo assim, ter uma quantidade maior de linfócitos no sangue periférico na infância é normal.
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Um erro comum na hora da interpretação do hemograma é analisar os resultados dos linfócitos de uma criança levando em consideração os valores de referência de adultos.
Erroneamente, a conclusão seria que a criança estaria com linfocitose. O que na verdade, na maioria dos casos, é somente um valor absoluto normal de linfócitos.
Para evitar esse problema, o ideal seria que o laudo do laboratório já trouxesse os valores de referência de acordo com a idade da criança. Mas, muitos ainda não o fazem.
Cabe ao profissional que está interpretando o laudo fazer essa análise detalhada.
Uma linfocitose na infância é observada quando a quantidade absoluta de linfócitos está acima do valor de referência superior para a sua idade.
Podemos classificar a linfocitose em dois tipos:
- Linfocitose clonal (primária)
- Linfocitose reativa (secundária)
Linfocitose clonal (primária) na infância
Engloba condições associadas com o aumento do número absoluto de linfócitos devido a um defeito intrínseco nessa população celular.
Podemos chamar também de doenças linfoproliferativas, sendo causadas pelo acúmulo de células monoclonais B, T, NK ou outras células linfoides menos diferenciadas.
Linfocitose reativa (secundária) na infância
Esse termo refere-se à linfocitose policlonal em um paciente sem histórico de doenças hematológicas e que possui uma condição médica que pode ser associada ao aumento dos linfócitos.
Nesse caso, a linfocitose é transitória e se normaliza após um curto período de tempo após a resolução do quadro clínico.
Os exemplos mais comuns são as infecções virais e algumas bacterianas, como a coqueluche (Bordetella pertussis).
Avaliação de uma criança com linfocitose
São essenciais para a avaliação do paciente:
- Anamnese completa e exame físico
- Hemograma
- Análise da distensão sanguínea
O diagnóstico diferencial dependerá da idade da criança e de suas manifestações clínicas.
Em crianças, a presença de linfócitos reativos ("atípicos") é muito comum.
A presença de linfadenopatia ou esplenomegalia é sugestiva de infecção pelo Epstein-Barr Vírus (EBV). Nesses casos, é indicada a sorologia para esse vírus.
A presença de anemia, trombocitopenia ou neutropenia, em associação com a linfocitose, é sugestiva de um processo neoplásico (maligno) e precisa ser referenciado imediatamente para um hematologista.
Alterações morfológicas dos linfócitos
Para um microscopista inexperiente, as alterações morfológicas dos linfócitos na linfocitose reativa podem ser confundidas com as da linfocitose clonal.
Normalmente, os linfócitos na infância podem ter uma aparência mais imatura e podem acabar sendo confundidos com linfoblastos, por exemplo.
Linfocitose reativa
Uma das possibilidades é um aumento dos linfócitos típicos pequenos.
Leia também: Como identificar linfócitos atípicos
Outra possibilidade é que os linfócitos estejam maiores que o normal, com citoplasma abundante e mais basofílico, com núcleo irregular que pode conter raros nucléolos.
Na coqueluche, a linfocitose é caracterizada por linfócitos com núcleos que apresentam uma fissura, indentação ou fenda, também chamado de núcleo lobulado.
Linfocitose clonal
Um número de diferentes células linfoides podem aparecer na lâmina da criança.
Nesses casos, outros exames como sorologias, imunofenotipagem e cariotipagem são essenciais para o diagnóstico diferencial.
Leia também: Como identificar linfócitos reativos e neoplásicos - linfócitos variantes
Referências
Williams Hematology, 9ª edição.