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Fases da Sífilis | Biomedicina Padrão

Fases da Sífilis

Por Brunno Câmara - quinta-feira, outubro 07, 2021


A sífilis é uma infecção causada pela bactéria espiroqueta Treponema pallidum.

É uma doença de evolução lenta e, caso não tratada, sua história natural envolve as seguintes fases:

  • Primária
  • Secundária
  • Latente
  • Terciária

Além disso, há a sífilis congênita em que a transmissão ocorre durante a gestação ou nascimento.

Entender essas fases é importante para a interpretação dos resultados dos testes laboratoriais.

Sífilis primária

O período de incubação geralmente é de 2 a 6 semanas após o primeiro contato com a bactéria, podendo variar de 10 a 90 dias.

Após esse período, uma lesão na pele aparece no local de entrada da bactéria. Chamada de cancro, essa lesão contém espiroquetas infecciosas.

O cancro, classicamente nesse estágio, é caracterizado por ser uma única ulceração na pele, que é firme (dura), indolor, que não coça, com base limpa e bordas bem definidas.

Na forma clássica, uma mácula evolue para uma pápula e depois para erosão ou úlcera.

Ocasionalmente, lesões múltiplas podem aparecer, principalmente em indivíduos co-infectados com HIV.

A localização mais comum do cancro na mulher é no cérvice; no homem heterossexual, no pênis; em homens que fazem sexo com homens, no ânus e reto.

O aumento de linfonodos localizados nas áreas próximas da lesão é frequente.

A lesão primária cura-se espontaneamente, num período aproximado de 2 semanas. A infecção continua.

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Sífilis secundária

Ocorre quando a sífilis primária não é tratada. Ocorre entre 4 e 10 semanas após a infecção primária.

Nessa etapa, o T. pallidum já infectou vários órgãos e líquidos do corpo

As manifestações mais comuns envolvem a pele, mucosas e linfonodos.

Pode haver exantema cutâneo simétrico no tronco e extremidades. O exantema pode tornar-se maculopapular ou pustular.

Outra forma de apresentação desse exantema são grandes placas eritematosas branco-acinzentadas denominadas condiloma lata, que podem aparecer em regiões úmidas do corpo.

Todos esses tipos de lesões são ricas em treponemas e, consequentemente, são infecciosas.

Outras manifestações incluem: febre, dor de garganta, perda de peso, perda de cabelo e cefaleia.

Se não tratada, as manifestações resolvem-se cerca de 3 a 6 semanas. A infecção continua.

Sífilis latente

É definida como tendo prova sorológica de infecção por T. pallidum positiva, mas sem sinais e sintomas da doença.

É subdividida* em:

  • latente recente: < 12 meses após a exposição
  • latente tardia: > 12 meses após a exposição

*Essa classificação é do Ministério da Saúde do Brasil. A OMS e diretrizes europeias usam o intervalo de 24 meses.

Na sífilis latente recente o paciente ainda é infeccioso, visto que 25% deles podem ter recorrência das manifestações secundárias (bactérias ativas e replicando-se).

Na sífilis latente tardia o paciente não é mais infeccioso. Pode durar muitos anos, caso não haja tratamento.

Cerca de 15 a 40% das pessoas podem evoluir para a sífilis terciária.

Sífilis terciária

Pode demorar vários anos a décadas para se manifestar. É considerada rara.

Ocorre inflamação e destruição de tecidos e ossos.

Sem tratamento, um terço dos infectados pode desenvolver esse estágio. Os pacientes não são infecciosos.

É caracterizada por formação de gomas sifilíticas, que são tumorações amolecidas vistas na pele e nas membranas mucosas, que também podem acometer qualquer parte do corpo, inclusive nos ossos.

Pode ser dividida em três formas:

  • Sífilis gomatosa
  • Neurossífilis tardia
  • Sífilis cardiovascular

A neurossífilis ocorre quando há o acometimento do sistema nervoso central. Ela pode ocorrer em qualquer estágio da infecção.

Sífilis congênita

Ocorre pela disseminação hematogênica do T. pallidum da mãe para o feto, predominantemente por via transplacentária.

Dois terços das crianças nascem sem sintomas.

Sífilis congênita precoce

Manifesta-se até o segundo ano de vida.

Pode ocorrer nascimento prematuro e baixo peso ao nascimento. 

As manifestações mais comuns são: hepatomegalia e/ou esplenomegalia, lesões cutâneas, periostite ou osteíte ou osteocondrite, pseudoparalisia dos membros, sofrimento respiratório com ou sem pneumonia, rinite sero-sanguinolenta, icterícia, anemia e linfadenopatia generalizada.

Sífilis congênita tardia

Ocorre após o segundo ano de vida.

As principais manifestações clínicas incluem: tíbia em “lâmina de sabre”, articulações de Clutton, fronte “olímpica”, nariz “em sela”, dentes incisivos medianos superiores deformados, molares em “amora”, rágades periorais, mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial, surdez neurológica e dificuldade no aprendizado.

A sífilis congênita é evitável quando a gestante infectada e parceiros sexuais são tratados.

Referências

O'Byrne P, MacPherson P. Syphilis [published correction appears in BMJ. 2019 Jul 19;366:l4746].

Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília - Ministério da Saúde, 2015.

Brasil. Ministério da Saúde. Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis. Brasília - Ministério da Saúde, 2016.

Telelab. Ministério da Saúde. Aula 1 - Diagnóstico da Sífilis. Brasília - Ministério da Saúde, 2014.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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