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Diferenças entre os testes treponêmicos e não treponêmicos | Biomedicina Padrão

Diferenças entre os testes treponêmicos e não treponêmicos

Por Brunno Câmara - segunda-feira, outubro 11, 2021

Os testes laboratoriais são de extrema importância para o diagnóstico de sífilis.

O Treponema pallidum não pode ser cultivado in vitro, então os testes sorológicos são considerados o padrão-ouro nesse diagnóstico.

Eles são classificados em dois tipos: testes treponêmicos e testes não treponêmicos.

Aqui, vamos ver quais são eles e suas diferenças.

Testes treponêmicos

São testes laboratoriais que detectam a presença de anticorpos específicos (IgM, IgG e IgA) contra o T. pallidum.

São exemplos de metodologias utilizadas:

A detecção do DNA da bactéria por PCR também é considerada um teste treponêmico.

Vale dizer que nem sempre a presença do anticorpo específico (resultado reagente) significa que o paciente está infectado.

Por causa da IgG de memória, mesmo após o tratamento, os resultados darão reagentes. E, dificilmente, irão se tornar não reagentes.

Por isso, é necessário fazer a associação do resultado do teste treponêmico com o resultado do teste não treponêmico e também com a história clínica do paciente.

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Testes não treponêmicos

São testes que detectam anticorpos não específicos para T. pallidum, mas que são encontrados em pacientes com sífilis.

    São exemplos de metodologias utilizadas:

    • Floculação: VDRL, RPR, USR e TRUST
    • Aglutinação
    • Ensaios imunoenzimáticos
    • Imunocromatografia

    Eles são utilizados tanto para a detecção qualitativa (reagente ou não reagente) quanto para fazer a titulação (semi-quantificação) dos anticorpos em amostras cujo resultado foi reagente.

    Por não serem específicos, resultados falso-positivos podem ocorrer. Geralmente, em baixos títulos.

    Sendo assim, é sempre necessário fazer a confirmação de um novo caso da doença com testes treponêmicos.

    Os testes que usam a floculação são os mais usados, com destaque para o VDRL. Neles, é usado um reagente que tem como base lecitina, colesterol e cardiolipina (suspensão antigênica).

    Os anticorpos não treponêmicos (IgM e IgG) presentes na amostra se ligam às cardiolipinas. São anticorpos produzidos contra substâncias da bactéria e das células lesadas.

    Triagem e confirmação

    No Brasil, existem 3 fluxogramas para serem usados no diagnóstico de sífilis. Eles estão disponíveis no "Manual Técnico para o Diagnóstico de Sífilis (2016)" do Ministério da Saúde.

    Esses fluxogramas são formados por testes feitos de forma sequencial. O objetivo é fazer com que haja o aumento do valor preditivo positivo de um teste inicial reagente.

    No fluxograma 1, a triagem é feita com um teste não treponêmico e confirmada com um teste treponêmico.

    No fluxograma 2 (reverso), um teste treponêmico é usado como triagem na automação, seguido de um teste não treponêmico e a confirmação é feita com outro teste treponêmico diferente do primeiro.

    Para o monitoramento da resposta ao tratamento são usados os testes não treponêmicos, visto que os títulos reduzem a níveis muito baixos ou negativam ao decorrer do tempo.

    A persistência de títulos baixos denomina-se cicatriz ou memória sorológica e pode durar anos ou a vida toda. 

    Referências

    Medscape. Syphilis Workup, 2017 (acesso em 10/2021).

    Brasil. Ministério da Saúde. Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis. Brasília - Ministério da Saúde, 2016.

    Telelab. Ministério da Saúde. Aula 6 - Testes Treponêmicos - Ministério da Saúde, 2014.

    Telelab. Ministério da Saúde. Aula 2 - Diagnóstico da Sífilis - Ministério da Saúde, 2014.

    Brunno Câmara Autor

    Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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