Tudo o que o Biomédico precisa saber sobre a Candida auris
O diagnóstico ocorreu em amostras de ponta de cateter de um paciente adulto internado na UTI no estado da Bahia e foi confirmado pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Saiba mais a seguir sobre a C. auris.
1. Gênero Candida
É um dos gêneros de fungos que mais causam infecções fúngicas no mundo inteiro. Porém, a maioria das espécies são comensais e fazem parte da microbiota humana.
Quando as barreiras (pele e mucosas) ficam prejudicadas ou o paciente fica imunocomprometido, algumas espécies invadem e causam infecção.
A candidíase invasiva é uma infecção importante, atingindo a circulação sanguínea (fungemia), feridas e ouvidos. Pode acometer vários outros órgãos também.
As espécies de Candida são encontradas na pele e mucosas, principalmente no trato gastrointestinal.
A espécie mais comumente isolada nos casos de infecção fúngica é a C. albicans.
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Em 2009, no Japão, foi identificada uma nova espécie denominada C. auris, que também causa infecções em seres humanos.
O grande problema da C. auris é seu perfil de resistência a múltiplas drogas, o que torna o tratamento mais difícil.
2. Características e identificação de C. auris
- Glicose: sim;
- Sacarose: fraca;
- Trealose: fraca;
- Galactose: não;
- Maltose: não;
- Lactose: não;
- Rafinose: não.
3. Candida auris: um fungo emergente
A C. auris apresenta uma séria ameaça à saúde pública.
Essa espécie de Candida, possui resistência a vários medicamentos antifúngicos comumente utilizados para tratar infecções por Candida.
Algumas cepas de C. auris são resistentes a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos (polienos, azóis e equinocandinas).
Além disso, pode causar infecção em corrente sanguínea e outras infecções invasivas, podendo ser fatal, principalmente em pacientes com comorbidades.
A C. auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, entre os quais, os que são à base de quaternário de amônio.
Tem um risco elevado de causar surtos em decorrência da dificuldade de identificação oportuna pelos métodos laboratoriais rotineiros e de sua eliminação do ambiente contaminado.
4. O caso do Brasil
A amostra foi coletada de um paciente que está internado por complicações da COVID-19, em UTI geral de um hospital do estado da Bahia.
Em 04/12/2020 foi identificada cultura de ponta de cateter positiva para levedura sugestiva de C. auris.
A amostra foi encaminhada pelo laboratório do hospital para o Lacen-BA que, no mesmo dia, comunicou a suspeita de caso positivo para C. auris.
Assim, a amostra foi encaminhada para o Laboratório da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) para a realização das provas confirmatórias pela técnica Maldi-Tof (Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization Time-of-Light).
Em 07/12/2020 o HCFMUSP encaminhou à Anvisa o laudo com resultado positivo para C. auris.
Ainda serão realizadas as análises fenotípicas (para verificar o perfil de sensibilidade e resistência) e o sequenciamento genético do micro-organismo (padrão-ouro) pelo Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de Medicina (LEMI–UNIFESP).
Referências
Agência Brasil. Anvisa publica alerta de risco após confirmar caso de Candida auris. 2020. Link
Satoh, Kazuo et al. “Candida auris sp. nov., a novel ascomycetous yeast isolated from the external ear canal of an inpatient in a Japanese hospital.” Microbiology and immunology vol. 53,1 (2009): 41-4.