Os linfócitos T reguladores (Treg) são um subtipo de linfócitos T CD4+ (auxiliar/helper) que têm a função de regular a resposta imune e manter a autotolerância. Simplificando, são linfócitos que regulam outros linfócitos.
Eles são gerados por meio do reconhecimento de antígenos próprios no timo e pelo reconhecimento de antígenos próprios e não próprios nos órgãos linfoides periféricos.
Quando os Treg são derivados do timo, e reconhecem antígenos próprios, são chamados de Treg naturais. Os Treg também podem se desenvolver após uma reação inflamatória, nos órgãos linfoides periféricos, sendo chamados de adaptativos ou induzíveis, pois linfócitos T CD4+ virgens (Th0) podem se diferenciar em Treg em resposta a certos antígenos.
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Mas afinal, o que os Treg regulam?
Eles ajudam a controlar a tolerância imunológica do nosso organismo.
Os linfócitos são produzidos para atuar como células de defesa contra agentes estranhos, ou seja, eles devem reconhecer antígenos não próprios e iniciar uma resposta com o objetivo de eliminar esse antígeno.
Quando eles reconhecem moléculas próprias, não podem desencadear uma resposta imune, ou seja, eles devem tolerá-las. Isso é “ensinado” durante seu desenvolvimento, nos órgãos linfoides primários (timo e medula óssea).
Porém, às vezes, uma falha nessa tolerância resulta em reações imunes contra antígenos próprios. Essa reação é chamada de autoimunidade, e as doenças que ela pode causar são conhecidas como doenças autoimunes.
É aí que os Treg entram. Eles controlam os linfócitos, não deixando que aconteça reações autoimunes, e também regulam o processo inflamatório.
Mecanismo de regulação
Os linfócitos T reguladores suprimem a resposta imune, impedindo a ativação de linfócitos T ou bloqueando sua função efetora.
Um dos mecanismos é a inibição da coestimulação necessária para a ativação do linfócito T, no momento da apresentação de antígeno pelas células apresentadoras de antígenos (APC).
Se o linfócito não é ativado ou é bloqueado, a autoimunidade não acontece.
Outro mecanismo importante é a produção das citocinas: Fator de Transformação do Crescimento β (TGF-β) e Interleucina 10 (IL-10).
TGF-β
Ele inibe a ativação clássica de macrófagos, envolvidos no processo inflamatório, e também a proliferação e as funções efetoras de linfócitos T. Ou seja, controla as respostas inflamatórias e imunológicas.
Essa citocina também é responsável pela geração de Treg. Então, o TGF-β, produzido por outras células, induz a geração de Treg e os Treg produzem TGF-β.
Além disso, o TFG-β pode inibir o desenvolvimento de linfócitos Th1 e Th2, e promover o desenvolvimento de linfócitos Th17. Estimula também a produção de IgA e o reparo tecidual após a diminuição das reações inflamatórias e imunológicas.
Leia mais: Linfócitos T CD4: Th1 e Th2
IL-10
É uma citocina que inibe a produção de IL-12 por macrófagos ativados e células dendríticas. Com isso, há diminuição de produção de IFN-γ, que é uma citocina pró-inflamatória importante na defesa contra micro-organismos intracelulares.
Outra função da IL-10 é a inibição da expressão de coestimuladores e de moléculas MHC de classe II em células dendríticas e macrófagos, consequentemente, inibindo a ativação de linfócitos T.
Conclusão
Em resumo, os Treg são importantes para controlar a autotolerância imunológica, inibindo a ativação ou função dos linfócitos T autorreativos, e também para regular os processos inflamatórios, por meio da produção de citocinas anti-inflamatórias (IL-10 e TFG-β).