Estudantes de Biomedicina publicam artigo na “Nature”
Ainda na graduação, as alunas de biomedicina Cecília Benazzato (FMU) e Nathalia Almeida (UNIFESP), participam do grupo de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), que por meio de experimentos com camundongos, mostrou que o Zika Vírus é capaz de atravessar a barreira placentária, infectar e matar as células que dariam origem ao cérebro dos animais em gestação.
O artigo publicado na Nature contou com a colaboração do coordenador da Rede Zika, Paolo Zanotto (ICB-USP), e de Alysson Muotri, pesquisador na Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos. As análises foram conduzidas principalmente pelas pós-graduandas da FMVZ-USP Fernanda Cuogola, Isabella Fernandes e Fabiele Russo.
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As estudantes ficaram responsáveis pela manutenção das neurosferas e dos minicérebros (organoides cerebrais) usados na pesquisa. Elas também cuidaram da confecção das figuras do artigo científico. Outra parte que ficou por conta das meninas foi a extração de RNA de células nervosas.
Em entrevista ao blog Cadê a Cura, Nathalia afirma: “Eu ia dormir e fica pensando em RNA, Trizol [reagente usado para extrair RNA]…”. “Aluno de Iniciação Científica não tem muita experiência… Eu fiz o que pude, dei minha vida. Tinha uma doutoranda responsável, a gente fazia de tudo para ajudar: extraia [RNA], quantificava, limpava o laboratório, acompanhava…”.
Dados de testes in vitro sugerem ainda que a linhagem brasileira do vírus é mais agressiva do que a linhagem africana, que originalmente infectava macacos.
Para complementar os ensaios in vivo, foram realizados nos diversos tecidos dos camundongos recém-nascidos testes moleculares do tipo de PCR (reação em cadeia da polimerase) em tempo real, capazes de detectar o RNA viral durante a fase aguda da infecção.
Nos testes in vitro foram usados três diferentes modelos desenvolvidos a partir de células humanas: culturas bidimensionais (em placa de vidro) de neurônios e de células progenitoras neurais (um tipo de célula-tronco capaz de se diferenciar em neurônios e células da glia); culturas tridimensionais de células progenitoras neurais (cultivadas em suspensão para formar as chamadas neuroesferas); e organoides cerebrais ou minicérebros (estruturas tridimensionais milimétricas criadas em laboratório a partir de células-tronco pluripotentes induzidas e capazes de mimetizar o cérebro de fetos no primeiro trimestre de gestação).
Cugola, FR et al. The Brazilian Zika virus strain causes birth defects in experimental models. Nature, 2016 (link).
Fontes: Agência Fapesp e Blog Cadê a Cura