­
­
Conheça mais sobre a “Bordetella pertussis”, agente etiológico da Coqueluche | Biomedicina Padrão

Conheça mais sobre a “Bordetella pertussis”, agente etiológico da Coqueluche

Por Brunno Câmara - segunda-feira, março 28, 2016

Bordetella pertussis

Dentro do gênero Bordetella, a única espécie de grande importância clínica é a Bordetella pertussis, agente etiológico da Coqueluche. Apesar disso, a espécie B. parapertussis pode causar uma forma leve de bronquite.

A B. pertussis é uma bactéria muito pequena, aeróbia estrita, na forma de cocobacilos Gram negativos não móveis. É positiva para oxidase e negativa para urease.

Antes de continuar a leitura do texto, quero te convidar para conhecer meus cursos:

Continue agora com a sua leitura do texto. Espero que goste.

A maioria dos pacientes com coqueluche são crianças com menos de um ano de idade. Porém, crianças mais velhas podem pegar a doença. A gravidade da doença é relacionada à idade.

O micro-organismo é transmitido por gotículas e aerossóis. Depois de inalado, coloniza as células epiteliais ciliadas dos brônquios. Após 7 a 10 dias de incubação, aparecem sintomas leves de rinite, tosse e espirro, que duram de uma a duas semanas.

Coqueluche

Com o avanço da proliferação da bactéria, a função das células ciliadas é comprometida, e os sintomas aumentam de frequência e intensidade, levando à fase paroxística. Essa fase é caracterizada por tosse intensa, manifestando-se em paroxismos, mais frequentes à noite, podendo chegar de 10 a 30 crises em 24 horas. Os paroxismos são seguidos de um esforço inspiratório massivo que pode produzir o “guincho” característico (resultante da inalação forçosa do ar contra a glote estreitada).

Vídeo de um menino tossindo devido à coqueluche – assista

Vídeo de um homem hospitalizado tossindo por causa da coqueluche – assista

Áudio de uma criança com coqueluche – ouça

A tosse pode durar de duas a três semanas. O muco ingerido pode induzir ao vômito, resultando em desidratação severa e perda de peso.

Além da infecção das células ciliadas, a B. pertussis produz algumas exotoxinas que contribuem para esses sintomas.

Toxina Pertussis

É um oligopeptídeo tipo AB, principal responsável pela tosse. Causa linfocitose (veja caso clínico e imagens clicando aqui), hipoglicemia, aumenta a síntese de IgE e aumenta a sensibilidade à histamina.

Inibe também várias funções dos leucócitos, incluindo a quimiotaxia, fagocitose e impede a morte das células NK. Contribui para a ligação da bactéria às células epiteliais ciliadas.

Adenilato Ciclase Toxina

Essa exotoxina penetra na célula hospedeira, é ativada pela calmodulina e catalisa a conversão de ATP em cAMP. Também inibe a fagocitose e as funções das células NK.

Citotoxina traqueal

É uma molécula semelhante a um peptidoglicano que se liga às células epiteliais ciliadas, interferindo nos movimentos ciliares. Em grandes concentrações, causa a destruição dessas células, contribuindo para a tosse.

Toxina Dermonecrótica

É um vaso-constritor muito potente que causa isquemia, extravasamento de leucócitos e, em associação com a citotoxina traqueal, causa necrose do tecido traqueal.

Lipopolissacarídeo

Como em outras bactérias Gram negativas, essa endotoxina causa numerosos efeitos. Quando em grande quantidades, após lise bacteriana, causa choque e colapso cardiovascular. Em pequenas quantidades, ativa mediadores inflamatórios.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito através das manifestações clínicas e da cultura de aspirado nasofaríngeo. O meio de cultura utilizado é o Bordet-Gengou (ágar sangue com extrato de batata e glicerol + antibiótico). A bactéria cresce como colônias hemolíticas pequenas e transparentes.

Tratamento

Os macrolídeos são as drogas de escolha. Dos quais a eritromicina, azitromicina ou claritromicina são agentes apropriados de primeira linha para o tratamento da coqueluche.

Vacinação

A vacina contra a coqueluche está sempre combinada às vacinas do tétano e da difteria, chamada de tríplice bacteriana, que, por sua vez, pode estar combinada a outras vacinas nas chamadas vacinas combinadas, como a tetra, a penta e a hexa.

Existem duas formas da vacina. Uma, é produzida a partir da célula bacteriana morta; outra é produzida a partir de filamentos de hemaglutininas e da toxina pertussis “detoxificada”.

Referências
Centro de Vigilância Epidemiológica. Coqueluche. São Paulo.
CDC. Pertussis (Whooping Cough).
Abdul Ghaffar. Bordetella, Haemophilus and Legionella. University of South Carolina School of Medicine.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
| Contato: @biomedicinapadrao | WhatsApp |