Principais contaminantes da água – Parte II

Por Brunno Câmara - terça-feira, outubro 13, 2015

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Continuando nossa série sobre Água reagente para laboratórios, hoje vamos falar sobre os contaminantes da água e como dosá-los. Para ver a parte I, clique aqui.

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A água natural ou água de torneira, contém muitas substâncias, e se não tratada, pode reagir ou catalisar reações indesejadas. São encontrados: cátions, como sódio, cálcio, magnésio e ferro; ânions, como bicarbonato, cloro e sulfato; e íons inorgânicos.

Moléculas biológicas orgânicas dissolvidas, gases como nitrogênio, oxigênio e dióxido de carbono, assim como coloides e partículas estão presentes nessa água. Apesar de muitas bactérias, vírus e protozoários, como Giardia sp. e Cryptosporidium sp., serem mortos ou inativados pelo cloro, produtos e fragmentos desses patógenos, como pirógenos, nucleases, fosfatase alcalina e endotoxinas, não serão necessariamente removidos e podem proliferar em biofilmes.

Uma grande quantidade de contaminantes podem estar presentes, e não serem regulados ou testados no processo de tratamento municipal da água para distribuição. Por isso, o processo de purificação é muito importante para procedimentos que necessitam de precisão e que têm alta sensibilidade, assim como os aparelhos e instrumentos precisam dessa água purificada para um bom desempenho e longevidade.

Como dosar contaminantes na água

Comece a se familiarizar com os conceitos de resistividade e condutividade.

Resistividade. É a tendência da água sem íons de resistir à condução de eletricidade. A unidade de medida é Megohm-centímetro (MΩ-cm), e varia com a temperatura. Quanto maior o conteúdo iônico, menor a resistividade, e quanto menor o conteúdo iônico, maior a resistividade.

Condutividade. É a tendência da água que contém íons em conduzir eletricidade. A unidade de medida é Siemen (S), microsiemen/centímetro (μS/cm) ou micromho/centímetro (μΩ/cm). Quanto mais íons presentes na água, maior a condutividade.

A dosagem da contaminação iônica não é por si só um indicativo de água pura. Um número de contaminantes devem ser considerados, como micro-organismos e fatores orgânicos.

Carbono Orgânico Total (TOC). É uma medida de contaminantes orgânicos encontrados na água. A unidade de medida é partes por milhão (ppm) ou partes por bilhão (ppb). Altos níveis de TOC são indicativos de contaminantes orgânicos, muitos dos quais também servem de nutrientes para micro-organismos.

Enquanto a água é tratada para atingir alta pureza para aplicações científicas, os desinfetantes residuais são removidos, deixando o sistema de distribuição vulnerável à colonização bacteriana e biofilmes.

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A contagem de colônias é utilizada para fornecer uma dosagem da qualidade da água, porém as limitações desse método devem ser consideradas. Geralmente a quantidade de micro-organismos viáveis presentes é subestimada (devido a formação de biofilmes) e não leva em consideração subprodutos e micro-organismos inativos.

Existe ainda o teste de Endotoxina, que é um bom indicador de subprodutos de micro-organismos e de bactérias gram-negativas, assim como fungos e algas. Níveis de endotoxinas são dosados em Eu/mL (unidades de endotoxinas por mL). Em águas ultrapuras, utilizadas para cultura celular, por exemplo, os níveis de endotoxinas devem ser muito baixos.

O controle dos contaminantes iônicos, orgânicos e microbianos, através da determinação da condutividade, TOC, análise microbiológica e dosagem de endotoxinas, garantem a qualidade da água.

Referências

  • MENDES, M. E. et al. A importância da qualidade da água reagente no laboratório clínico. J. Bras. Patol. Med. Lab. 2011, vol.47, n.3, pp. 217-223.
  • BASQUES, F. W. A. A água como reagente. Labtest, 2010.
  • NIH. Laboratory Water: Its importance and application. March, 2013.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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