A ordem dos tubos na coleta sanguínea interfere nos exames da coagulação?
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Mesmo não considerando a coleta sanguínea um papel do biomédico, sei da importância de conhecermos todo o procedimento, para podermos supervisionar técnicos e estagiários na prática diária. Além disso, como já sabemos, a fase pré-analítica é responsável por mais de 70% dos erros laboratoriais.
Ordem dos tubos
Organizações como a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Clinical Laboratory Standards Institute (CLSI), criaram diretrizes e recomendações para assegurar uma boa qualidade.
Uma etapa da coleta sanguínea no sistema a vácuo é a ordem em que os tubos são utilizados, que veio evoluindo com os anos. Atualmente, a ordem de coleta preconizada é a seguinte: hemoculturas, citrato de sódio, soro com ou sem ativador de coágulo, heparina, EDTA, oxalato/fluoreto. Além disso, se o tubo com citrato for o primeiro da fila, recomenda-se que seja utilizado um tubo de descarte antes do preenchimento do tubo citratado.
Testes da coagulação
Pesquisadores do laboratório de hematologia do Onze-Lieve-Vrouw Hospital, Aalst, Bélgica, publicaram artigo na revista International Journal of Laboratory Hematology, edição de fevereiro de 2015, no qual avaliaram o efeito da ordem de coleta nos exames da coagulação, TAP/RNI e TTPA.
O estudo foi dividido em duas fases. Na primeira, a sequência foi a seguinte: citrato, citrato (referência), heparina, citrato; na segunda: soro com ativador de coágulo, citrato, citrato (referência), EDTA, citrato.
Todas as amostras foram centrifugadas do mesmo modo, e analisadas num aparelho de coagulação automatizado.
Resultados
Os resultados levaram à conclusão de que não há diferença clinicamente significativa nos valores do RNI, independente de qual seja a ordem de preenchimento dos tubos. O mesmo se aplica ao TTPA.
Sendo assim, o tubo de descarte não é necessário para análise de TAP/RNI e TTPA. Outros estudos recentes também chegaram à mesma conclusão para testes de coagulação. Sugere-se então uma revisão das atuais diretrizes relacionadas à coleta de sangue.
Referência
Indevuyst, C., Schuermans, W., Bailleul, E. and Meeus, P. (2015), The order of draw: much ado about nothing?. International Journal of Laboratory Hematology, 37: 50–55. doi: 10.1111/ijlh.12230