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Sorotipos mais importantes de “Escherichia coli” | Biomedicina Padrão

Sorotipos mais importantes de “Escherichia coli”

Por Brunno Câmara - domingo, dezembro 14, 2014

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A Escherichia coli (E. coli) é um bacilo gram-negativo, da família Enterobacteriaceae, não formador de esporos, anaeróbio facultativo, capaz de crescer em altas temperaturas. Possui flagelos peritríquios e também fímbrias. Apesar de fazer parte da microbiota normal do intestino, é clinicamente importante por causar infecções do trato urinário, septicemia, meningite neonatal e doenças diarreicas.

Micrografia Eletrônica de Escherichia coli O157:H7. Crédito: Janice Haney Carr/CDC 

Antígenos imunogênicos

As cepas patogênicas de E. coli podem ser categorizadas com base em elementos que provocam uma resposta imune, a saber:

  • Antígeno O: é um polímero imunogênico de oligossacarídeos em repetição, que faz parte da camada de lipopolissacarídeos;
  • Antígeno K: é um polissacarídeo ácido capsular, espesso e mucoide;
  • Antígeno H: é um antígeno flagelar formado pela polimerização da flagelina.

Esses três antígenos combinados podem gerar inúmeros sorotipos O:K:H.

E. coli em ágar EMB. Crédito: Michigan State University 

Confira a seguir os principais envolvidos nas infecções intestinais humanas.

E. coli enteropatogênica clássica (EPEC)

A EPEC está associada à diarreia aguda e também pode causar diarreia persistente em crianças recém-nascidas e lactentes jovens, apresentando elevada mortalidade. O período de incubação vai de 17 a 72h e a diarreia pode ter duração de 6h a 3 dias.

Esse sorotipo tem uma variedade de fatores de virulência similar àqueles encontrados em Shigella, e pode possuir a shiga toxina. A aderência à mucosa intestinal provoca um rearranjo de actina na célula hospedeira, causando uma significante deformação celular. A causa da diarreia é provavelmente as mudanças na estrutura das células intestinais devido à aderência da EPEC e obliteração das microvilosidades.

O diagnóstico é feito por meio de PCR.

E. coli enterotoxigênica (ETEC)

Causa uma diarreia aquosa, conhecida como diarreia dos viajantes, normalmente acompanhada de febre baixa, dores abdominais e náuseas. É transmitida através de água e alimentos contaminados por fezes animais ou humanas.

A ETEC não é invasiva e produz toxinas termolábeis e termoestáveis semelhantes à toxina colérica. O período de incubação vai de 1 a 3 dias e a diarreia pode ter duração de 3 a 4 dias. Algumas infecções podem demorar até uma semana para se resolver. Geralmente não há necessidade de hospitalização ou antibioticoterapia.

E. coli enteroagregativa (EAEC)

Assim chamada porque possui fímbrias que agregam-se no tecido. A EAEC liga-se na mucosa intestinal, forma um biofilme mucoide e induz efeitos tóxicos, resultando em diarreia aquosa, sem febre. Não é invasiva. Produz uma hemolisina e uma enterotoxina similar à toxina da ETEC.

Pode causar diarreia crônica.

E. coli em ágar MacConkey. Crédito: Michigan State University 

E. coli enteroinvasiva (EIEC)

A infecção por EIEC causa uma síndrome semelhante a causada por Shigella sp., caracterizada por disenteria, cólicas abdominais, febre e mal estar geral, sangue e muco nas fezes. O período de incubação vai de 2 a 48h.

A EIEC é altamente invasiva, usando adesinas para poder entrar nas células intestinais.

E. coli enterohemorrágica (EHEC)

A pior de todas as EHEC, e a mais bem estudada, é a cepa O157:H7, que causa diarreia sanguinolenta, dores abdominais severas, mas sem febre. Afeta todas as idades, sendo que altas taxas de mortalidade ocorrem em jovens e idosos. Nesses últimos pode causar púrpura trombocitopênica.

A bactéria produz toxina semelhante à da Shigella sp., chamada verotoxina. De 5 a 10% dos afetados podem desenvolver a Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU) e falência renal súbita. O período de incubação vai de 2 a 8 dias.

Referências

- Ochoa TJ, Contreras CA. Enteropathogenic E. coli (EPEC) infection in children. Current Opinion in Infectious Diseases, 2011;24(5):478-483.
- Andrej Weintraub. Enteroaggregative Escherichia coli: epidemiology, virulence and detection. J. Med. Microbiol, 2007 56: 4-8.
- FAO/WHO. Microbiological hazards in fresh leafy vegetables and herbs: meeting report. Microbiological Risk Assessment Series No. 14, Rome, 2008.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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