Com jejum ou sem jejum, eis a questão

Por Brunno Câmara - quinta-feira, outubro 09, 2014

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Jejum

Com jejum ou sem jejum, eis a questão! Se William Shakespeare estivesse vivo nos dias atuais e fosse biomédico, provavelmente essa seria a frase dita por ele. A questão, que começou a ser levantada nos últimos congressos relacionados à medicina laboratorial, atualmente está gerando muita polêmica, tanto na comunidade científica/médica como na sociedade em geral.

Segundo dados do IBGE (2009), existem no Brasil aproximadamente 17 mil laboratórios de análises clínicas.

Destaque na mídia

O debate gira em torno da necessidade ou não de se exigir o jejum para a realização dos exames laboratoriais. Existem aqueles que afirmam que o jejum não é necessário e cabe ao médico interpretar os resultados, correlacionando-os com a clínica do paciente. Outros dizem que ainda se faz necessário o jejum, pois todos os valores de referência são estabelecidos com base nele.

Isso levou inclusive grandes portais de notícias e jornais a divulgarem o fim/abolição do jejum, sem termos ainda chegado num consenso, o que pode induzir pessoas a não o realizar corretamente, levando a erros nos resultados. Uma verdadeira falta de responsabilidade por parte desses canais de comunicação.

Opinião

Sabemos que nas grandes cidades o acesso à tecnologia de última geração, pelos laboratórios, é mais fácil, então a metodologia pode não sofrer mais interferência com a alimentação prévia à coleta da amostra. Porém, o Brasil é um país de dimensões continentais e a realidade pode ser bem diferente em cidades pequenas, longe dos grandes centros.

Outro ponto a ser considerado é que ainda existem exames que são totalmente dependentes do jejum, como é o caso da glicemia e os triglicérides. Esses dois exames são uns dos mais solicitados e, de qualquer maneira, mesmo que o paciente tenha outros exames que não exijam jejum, ele terá que realizá-lo por no mínimo oito horas por causa daqueles dois, a não ser que o paciente esteja disposto a “ser furado” duas vezes, em dias diferentes.

Então, na minha opinião, até que entremos num consenso, que sejam elaborados novos valores de referência, que as metodologias não sofram interferências, que existam estudos comprovando a não necessidade do jejum, que os pacientes sejam bem informados, o jejum ainda é sim necessário.

Qual sua opinião?

Você acha que o jejum deve ser abolido ou acha que ainda é necessário fazê-lo?

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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