O biomédico e a prática clínica: utopia ou realidade?
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Escola realiza atendimento de crianças e familiares (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Texto por Bruno Barbosa
Muitos profissionais biomédicos, durante a graduação ou até ao longo de sua carreira, são obrigados a conviver com um sentimento: serem taxados como “aqueles que não conseguiram passar para Medicina e entraram no que conseguiram.” Entretanto, nem todos tem o devido conhecimento, ao meu ver, de que esse tabu já pode ser quebrado. O biomédico pode sim ser engajado na prática clínica.
Até pouco tempo confesso que fazia parte de um grupo extenso de pessoas que ainda acreditam que nós, biomédicos, devemos nos confinar ao ambiente laboratorial. Por meio do mestrado – que por sinal é uma forma de ampliação de horizontes que recomendo aos recém-formados – pude ter uma experiência na clínica. E é isto o que quero compartilhar com vocês.
Trabalho com uma doença negligenciada, totalmente ligada à pobreza, denominada tracoma. Trata-se de uma conjuntivite que acomete principalmente o tarso superior e, eventualmente, a córnea. Uma das formas graves é a cegueira, presente em determinadas regiões endêmicas, como o Nordeste. Particularmente, desenvolvo minha dissertação com a epidemiologia do agravo no município de Russas, no Ceará, onde a prevalência da doença é bem acima das médias nacional e estadual.
Tive a oportunidade de fazer um curso de capacitação de tracoma, promovido pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde do Ceará, onde diversos profissionais estiveram reunidos para se aperfeiçoarem no diagnóstico do mesmo. O procedimento baseia-se na eversão das pálpebras suspeitas com posterior análise dos tarsos, conjuntivas, córnea e cílios. Como o diagnóstico é totalmente clínico-epidemiológico e, apesar de preconizado, os métodos laboratoriais são dispendiosos e restritos apenas à pesquisa, quando feitos, tem-se divergências acerca dos critérios estabelecidos. Por isso justificou-se o curso, que aconteceu no município em novembro do ano passado.
Com os conhecimentos adquiridos no curso, inclusive a certificação de realizar o diagnóstico clínico em qualquer região do país, posso dizer que tenho a total capacidade de realizar tal procedimento e isso me anima muito pois, o que antes não era imaginado por mim, agora já não mais é utópico. Aliás, para uma categoria em ascensão como a nossa, o que seria?
O importante é que todos sejam exortados sobre onde podemos nos encaixar e ganhar o nosso espaço no cenário empregatício. Quantos biomédicos tem esta certificação? E esse advento é tão valoroso, pois muitos outros podem a partir de agora buscarem qualificações diferenciadas, não só com agravos praticamente esquecidos pelas vigilâncias, mas em outras situações, como a Estética, onde já podemos prescrever substâncias injetáveis. Que avanço!
Espero que todos possam ser felizes em suas escolhas. Se tivermos em mente que a qualificação é fundamental, em qualquer área, tudo já terá sido válido. Busquem as áreas mais distantes, porque existem pessoas sozinhas, desamparadas e que suplicam, ao menos, por um suspiro e que esse seja de um de nós, BIOMÉDICOS.
Bruno Barbosa Pacifico
CRBM 23031 – 1ª Região
Bacharel em Biomedicina/UFF
Mestrando do PPG em Medicina Tropical/FIOCRUZ