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Imagem: California Stem Cell Agency blog
Há algum tempo, diversos grupos de pesquisa se dedicam à busca de uma célula com características intrínsecas especiais dentro da massa tumoral. Essa célula, chamada de célula-tronco tumoral ou célula iniciadora de tumor, exibe uma habilidade típica de qualquer célula-tronco: a auto-renovação, que permite com que a célula, ao se dividir, gere necessariamente outra exatamente igual a ela mesma. Essa capacidade é totalmente diferente da proliferação celular tradicional, que gera sempre uma célula ligeiramente diferente a cada divisão celular.
E por que a auto-renovação é importante? Exatamente porque, ao gerar outra igual a ela mesma, mantém o estoque de células capazes de gerar todas as outras células daquele tumor.
O interesse pela comunidade científica fica evidente: se houver uma célula identificável que seja capaz de dar origem a toda massa tumoral, ela seria um excelente alvo terapêutico para erradicar o câncer. Mas, como tudo em Biomedicina, este conceito está longe de ser de simples abordagem.
Muito antes de surgir a hipótese das células-tronco tumorais, um conceito clássico e muito conhecido da heterogeneidade intraclonal já existia. Podemos demonstrar por ensaios de imunofenotipagem, biologia molecular e citogenética que as células tumorais são diferentes entre si, havendo ao menos uma célula ancestral em cada tumor e outras que derivam dela, mas que adquirem mutações adicionais, fenômeno conhecido como evolução clonal.
À medida que as células vão adquirindo novas alterações genéticas, algumas podem passar a exibir vantagens adaptativas em relação às outras. Em última análise, isso significa que a célula que iniciou o tumor (a célula ancestral) pode não ser mais a célula que mantenha a prole tumoral ao longo da evolução do câncer. Ou seja, pode ser que a chamada célula-tronco seja um elemento móvel ao longo do tempo. Isso significa que potencialmente a cada momento evolutivo da doença, uma célula ou um grupo delas desempenhariam o papel de mantenedoras do tumor. Assim, o tumor vai mudando com o tempo e se tornando mais agressivo e resistente. E, quando comparamos entre indivíduos diferentes com a mesma patologia, observamos claramente que cada paciente tem sua própria doença.
Precisamos avançar muito ainda na compreensão da evolução clonal para encontrarmos terapias mais eficazes que possam erradicar as células tumorais na raiz. Uma raiz que muda constantemente.
Dr. Leandro de Souza Thiago é Biomédico, Doutor em Ciências Morfológicas pela UFRJ, com Pós-Doutorado em Imunologia pela Universidad de Salamanca (Espanha). É Tecnologista do Instituto Nacional de Câncer (INCa), Pesquisador Colaborador do Instituto de Pediatria da UFRJ e Membro Titular do Grupo Brasileiro de Citometria de Fluxo (GBCFLUX).