Relação entre ureia e creatinina sérica

Por Brunno Câmara - quarta-feira, junho 18, 2014

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Tanto a ureia quanto a creatinina são utilizadas na avaliação da Taxa de Filtração Glomerular (TFG), pois têm sua produção endógena e são eliminadas pelos rins.

Ureia

Apesar de ainda ser muito utilizada pelos médicos, a dosagem de ureia sérica não é o melhor parâmetro para se avaliar a função renal.

Isso por que ela não tem produção constante e sua concentração pode variar de acordo com a ingestão proteica, sangramento intestinal e medicamentos.

NO FÍGADO: AMÔNIA → UREIA + CO2

Além disso, sua produção pode estar diminuída em hepatopatias e desnutrição. E já não bastasse tudo isso, ela ainda é parcialmente reabsorvida, após a filtração glomerular.

Sua concentração sérica varia de 10 a 40 mg/dL, em adultos.

Creatinina

A creatinina é produto do metabolismo da creatina muscular, logo, sua produção varia de acordo com a idade e sexo. Seus níveis séricos variam de 0,6 a 1,3 mg/dL.

É melhor que a ureia na avaliação da TFG, pois tem produção constante durante todo o dia. Apesar de a principal via de eliminação ser a filtração glomerular, pode também ser secretada nos túbulos.

Um grande problema é que os níveis de creatinina sérica só começam a ultrapassar o valor limite superior (1,3 mg/dL) quando pelo menos 50% da TFG já está diminuída. Isso significa que o rim tem que estar significativamente comprometido para os níveis se alterarem.

O ideal seria a utilização de uma substância que detectasse precocemente o comprometimento renal. É aí que entra Cistatina C (clique para saber mais).

Relação ureia/creatinina

Normalmente a relação ureia/creatinina é em média 30.

Como a ureia sofre o processo de reabsorção tubular, após a filtração, e o mesmo não acontece com a creatinina, qualquer condição que estimule a reabsorção tubular de sódio irá levar ao aumento sérico de ureia desproporcionalmente ao da creatinina.

Como exemplo dessa relação >30 (ureia maior que creatinina) pode-se citar: desidratação, insuficiência cardíaca congestiva, estados febris prolongados e uso inadequado de diureticoterapia venosa.


Relacionado: Entendendo o que é filtração, reabsorção, secreção e excreção renal


Referências
- E-book: Biomarcadores na Nefrologia. Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2011.
- MOTTA, V. T. Bioquímica Clínica: Princípios e Interpretações. Vol. 15.

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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