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Entrevista com o Dr. Rodrigo Grazinolli, Biomédico e Perito Criminal | Biomedicina Padrão

Entrevista com o Dr. Rodrigo Grazinolli, Biomédico e Perito Criminal

Por Brunno Câmara - sábado, setembro 15, 2012

Antes de continuar a leitura do texto, quero te convidar para conhecer meus cursos:

Continue agora com a sua leitura do texto. Espero que goste.

               Dr. Rodrigo Grazinolli é Biomédico (UNIRIO-1999), especialista em Análises Clínicas (UNIGRANRIO-2002) e em Bioética (UFLA- 2005), mestre em Ciências Farmacêuticas (UFRJ-2001) e doutor em Ciências (UFRRJ-2007). Realizou diversos cursos de aperfeiçoamento em Bioética, Criminalística e Genética Forense. Concluiu estágio de Pós-doutoramento no departamento de Genética da UFRJ.

              Atualmente, atua como Perito Criminal do IPPGF-PCERJ, onde é Diretor. É Professor de Graduação e Pós-graduação e em Cursos de Formação de Profissionais de Segurança, como: Policiais Civis (Perito Criminal, Delegado, Comissário, Inspetor de Polícia); Oficiais da Polícia Militar; Oficiais e Sargentos do Exército brasileiro; Guardas Municipais.

Confira a entrevista

Blog: Por que você escolheu Biomedicina?
Dr. Rodrigo: Na verdade, em 1995 (quando fiz vestibular) aqui no Rio de Janeiro, pouco se falava em Biomedicina. Como todo vestibulando, pensava em fazer várias coisas, mas tinha uma certeza queria pesquisar e ensinar. Minhas escolhas iam de Literatura à Física. No entanto, as aulas de Biologia e a possibilidade de trabalhar com temas que à medida que se aprofundavam demandavam conhecimento de várias ciências, como química, física e matemática, encantaram-me. Dessa forma, vi na Biomedicina a profissão certa para desenvolver esses interesses.

Blog: Como foi escolher a Perícia Criminal e não Análises Clínicas?
Dr. Rodrigo: A escolha pelas Análises Clínicas parece natural para todo biomédico. No entanto, desde o início da faculdade comecei a trabalhar com pesquisa em Bioquímica, tomando assim outro rumo. Tive inclusive a oportunidade de desenvolver estágio em Análises Clínicas, mas como já estava terminando o curso, não aceitei. Apesar disso, as Análises Clínicas ainda batiam na minha cabeça, como uma salvaguarda para o futuro. Pensava: “caso tudo dê errado, poderia atuar nas Análises Clínicas”. Assim, para acabar com essa problemática, quando já estava no Mestrado, resolvi cursar uma especialização na área, a fim de resolver uma possível necessidade futura.

Já a Perícia, foi amor à primeira vista. Há 13 anos, a explosão CSI ainda não havia ocorrido no Brasil. Estava no Mestrado em Ciências Farmacêuticas na UFRJ e vi um anúncio do concurso em um jornal especializado. Achei interessante e combinei com alguns colegas do mestrado, todos farmacêuticos, de tentarmos. Não estudei muito, apenas aquilo que nunca tinha visto, como testes forenses de identificação de material biológico e drogas (os quais podem ser encontrados no meu livro – Ciência Forense: uma introdução à Criminalística). Por sorte ou competência - penso que nos concursos as duas coisas devem andar juntas, entretanto apenas na segunda podemos interferir – passei em sexto lugar.

Blog: O que você faz como Perito Criminal no Instituto de Pesquisa e Perícias em Genética Forense?
Dr. Rodrigo: Vou um pouco mais longe.... Comecei a trabalhar como Perito após o concurso e Academia de Polícia em 2001. Naquele tempo fui lotado no interior do Estado, em um serviço em que o Perito ficava sozinho em seu plantão para atender todas as ocorrências externas (exame em local de homicídio, suicídio, morte suspeita, acidente de tráfego, furtos com arrombamento, incêndios e desabamentos), além dos exames internos (documentos, entorpecentes, instrumentos de crime, armas e todas as outras evidências externas ao corpo humano relacionadas ao crime ou ao criminoso e à vítima).

Nesse período, terminei o Mestrado e o Doutorado. Como me aperfeiçoei em Bioquímica e Biologia Molecular, pensei que seria mais útil no Laboratório de DNA da PCERJ. Conversei com o diretor da época e, prontamente, ele me aceitou. A partir de 2008, passei a atuar Perito de Genética Forense, trabalhando no laboratório, fazendo identificação humana por DNA. Há cerca de 3 anos, assumi a direção do IPPGF e, hoje, atuo basicamente na administração.

Blog: Como avalia o mercado de trabalho para o biomédico na Perícia Criminal?
Dr. Rodrigo: Ótimo, somos profissionais super competentes e com uma visão ampla essencial para a Perícia Criminal e Médico Legal. Em princípio para se tornar Perito, será necessário ser aprovado em concurso público. Contudo, após 2008 com modificações no Código de Processo Penal, tornou-se possível atuar como assistente técnico. Nesse caso, o profissional é contratado pela parte ré para acompanhar a perícia oficial ou realizar exames a serem comparados com o resultado da perícia.

Blog: Quais os conselhos que você dá para quem tem interesse em seguir essa área?
Dr. Rodrigo: Estude e seja humilde. Trata-se de área muito heterogênea, virtualmente tudo pode estar relacionado a um crime. Dessa forma, qualquer conhecimento pode ser importante para o Perito. Às vezes brinco, dizendo que até corte e costura é importante. Pois, muitas vezes fiz exames em vestes. Fico feliz de ter cursado como eletiva na faculdade disciplinas como Biologia Animal e Vegetal. Essas me serviram em vários momentos que examinei amostras de plantas e animais. Já até publiquei trabalhos sobre perícia de pássaros silvestres! E quando não souber, seja humilde para solicitar o apoio de outros profissionais ou buscar tais informações.

Blog: Você aconselharia a realização de uma pós-graduação em Perícia Criminal/Ciências Forenses antes de o biomédico ser aprovado em um concurso público?
Dr. Rodrigo: Atualmente, existem vários cursos de pós graduação na área, muitos lato e alguns stricto sensu. Como falei, saber nunca é demais. Acredito que os cursos podem sim auxiliar na aprovação do biomédico, uma vez que apresentam disciplinas que são cobradas nos concursos. No entanto, uma pós graduação tem papel característico, o qual certamente não é o de ser curso preparatório para concurso.

Blog: Fale um pouco sobre seu livro "Ciência Forense - Uma introdução à criminalística".
Dr. Rodrigo: O livro é a realização de um sonho, o de divulgar a Ciência Forense. Acredito que ele tenha sido pensado enquanto estava na Academia de polícia e começou a ser escrito no primeiro dia em que atuei como Perito. No início ele era uma coletânea de escritos meus sobre diversas áreas da Criminalística, mas com o o apoio de Dr. Alexandre Giovanelle, meu coautor, e com a contribuição de diversos pesquisadores, peritos e professores que atuam em áreas da Ciência Forense, tornou-se um importante meio de aprendizagem e divulgação da Criminalística.

Além disso, a seriedade e o comprometimento científico do texto foi reconhecido pela FAPERJ que fomentou a publicação, entendendo o alcance e a proposta do livro. Deve ficar claro que não é um livro apenas para Peritos, mas para os diversos profissionais e estudantes que se interessem ou pretendam atuar na Ciência Forense. Em especial os Biomédicos. Pretende alcançar também os advogados e outros operadores do direito que precisem conhecer como é preparada a prova técnica.

Blog: Considerações finais.
Dr. Rodrigo: Esteja preparado!

Agradeço imensamente ao Dr. Rodrigo Grazinolli Garrido, Perito Criminal do IPPGF/PCERJ pela entrevista. Tenho certeza que foi bem esclarecedora e irá ajudar muito os biomédicos e estudantes de biomedicina que acompanham o blog, visto que essa área é uma das mais desejadas em nossa profissão.

Para saber mais sobre o livro e entrar em contato com o Dr. Rodrigo, acesse sua página no Facebook:
facebook.com/RodrigoGrazinoliGarrido

Capa do livro

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Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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