O eritrócito normalmente possui a forma de um disco bicôncavo. Quando visto de frente apresenta uma região central mais clara (halo) do que a da zona periférica. Isto decorre em virtude da distribuição da hemoglobina em seu interior.
Dá-se o nome de poiquilocitose às alterações morfológicas dos eritrócitos.
Confira os principais tipos de poiquilocitose.
Codócitos
Sinônimo de hemácias em alvo. A hemácia apresenta dupla biconcavidade de tal maneira que, quando projetada em um plano, a hemoglobina é visualizada em uma pequena faixa periférica e, geralmente, na parte central, o que lhe dá o aspecto “em alvo”.
Podem ser encontrados nas hemoglobinopatias (SS, SC), talassemias, hepatopatias, em pacientes esplenectomizados e na anemia ferropriva.
Esferócitos
São eritrócitos com a biconcavidade reduzida. Quando visualizados no microscópio perdem a zona clara central, são mais densos e ocorre redução do diâmetro, em comparação com os demais eritrócitos. Por isso, também são chamados de microesferócitos.
Pode ser causado por defeitos genéticos nas proteínas de membrana ou pode ser adquirida, aparecendo nos casos de anemia hemolítica autoimune.
Eliptócitos/Ovalócitos
São eritrócitos que apresentam formas ovaladas e eliptocíticas. As causas dessa alteração são defeitos genéticos nas proteínas do citoesqueleto da célula.
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Na eliptocitose hereditária praticamente todas as hemácias têm essa forma. Porém, pode ser encontrada uma pequena quantidade de eliptócitos/ovalócitos nas talassemias, anemia ferropriva e anemia megaloblástica.
Estomatócitos
São eritrócitos com o halo central semelhante a uma boca de peixe. O termo stoma significa boca.
Pode ser um artefato da distensão sanguínea. Pode estar presente em hepatopatias, sangue de recém-nascidos e na estomatocitose hereditária, uma anemia hemolítica congênita muito rara.
Drepanócitos
Sinônimo de hemácias em forma de foice. Os eritrócitos adquirem essa forma devido a presença da Hemoglobina S, que polimeriza e se precipita na membrana da célula, ocasionando a deformação.
É encontrado nas doenças falciformes. Doença falciforme é um termo genérico que engloba um grupo de anemias hemolíticas crônicas hereditárias, dentre elas a anemia falciforme (saiba mais sobre a anemia falciforme).
Dacriócitos
São eritrócitos em forma de gota ou lágrima. A deformação ocorre quando as células passam nas fenestrações entre cordões e sinus medulares do baço, sofrendo estiramento além dos limites da elasticidade.
É muito comum na mielofibrose, devido à hematopoese extramedular (o baço produz células sanguíneas devido a hipocelularidade da medula óssea). Pode ser encontrado também nas talassemias, anemias hemolíticas e em pacientes esplenectomizados.
Equinócitos
São hemácias com a membrana irregular, apresentando espículas regularmente distribuídas.
In vitro pode ser artefato. In vivo decorre de hiperuremia, tratamento com heparina IV, hipotireoidismo e após transfusões sanguíneas.
Acantócitos
São hemácias com a membrana irregular, apresentando espículas irregularmente distribuídas.
In vitro pode ser artefato. In vivo decorre de hepatopatias, diminuição da função do baço e esplenectomia.
Esquizócitos
São eritrócitos fragmentados, irregularmente contraídos e mordidos.
São causados por traumas mecânicos, válvulas cardíacas artificiais, agressão térmica nas queimaduras e agressão química pelo uso de fármacos oxidantes. Se a fragmentação for significativa, o paciente irá apresentar manifestações clínicas de anemia hemolítica.
Aparecem também em condições clínicas como coagulação intravascular disseminada (CIVD), púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) e Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU).
Referências: Renato Failace. Hemograma – Manual de interpretação. Artmed, 5ª Ed., 2009. Imagens: American Society of Hematology (Image Bank).