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Portadores de HIV/AIDS com filhos saudáveis | Biomedicina Padrão

Portadores de HIV/AIDS com filhos saudáveis

Por Brunno Câmara - quarta-feira, abril 20, 2011

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Portadores de HIV/AIDS que desejam ter filhos podem tornar esse sonho em realidade através da reprodução assistida. Com a união de casais soro-discordantes – quando apenas um dos parceiros tem o vírus - é recorrente o desejo de vencer a última barreira imposta pela doença: a procriação.

Por meio de um processo chamado de dupla lavagem de sêmen, é possível gerar um bebê saudável sem que a mãe seja infectada. O tratamento é mais simples quando a mulher tem o vírus e o homem não. Basta inseminá-la com o esperma e acompanhar a gravidez com cuidado para evitar a transmissão do vírus ao feto, chamada transmissão vertical. Segundo os médicos, o mais indicado é que o bebê nasça de cesariana, receba a droga AZT nos primeiros três meses de vida e não seja amamentado pela mãe.

Porém, tudo fica mais difícil quando só o homem tem o vírus. A mulher tem que tomar hormônios para superestimular a produção de óvulos e anestesia para coletá-los. Além de fazer vários exames e, quando necessário, fazer repouso absoluto.

A dupla lavagem de sêmen só pode ser feita se o homem estiver tomando o coquetel contra a AIDS rigorosamente, tiver um bom sistema imune e estiver com carga viral indetectável no sangue.

A técnica – que custa entre R$ 15 mil a R$ 50 mil por tentativa de gravidez – funciona da seguinte maneira:

  • O esperma do homem é colocado numa centrífuga;
  • Os espermatozoides são separados do sêmen;
  • Um único espermatozóide bem formado é selecionado e injetado dentro de cada um dos óvulos extraídos da mulher;
  • Os embriões resultantes são colocados no útero;

De acordo com o coordenador do Setor de Reprodução Humana do Hospital São Paulo, vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Renato Fraietta, como o HIV fica concentrado principalmente no sêmen, e não no espermatozoide, o risco é praticamente zero. “Não existe na literatura mundial um único caso de mulher que tenha sido infectada dessa forma ou de um bebê que tenha nascido com vírus depois de ter sido gerado por esse tratamento.”

Brunno Câmara Autor

Brunno Câmara - Biomédico, CRBM-GO 5596, habilitado em patologia clínica e hematologia. Docente do Ensino Superior. Especialista em Hematologia e Hemoterapia pelo programa de Residência Multiprofissional do Hospital das Clínicas - UFG (HC-UFG). Mestre em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro (imunologia, parasitologia e microbiologia / experiência com biologia molecular e virologia). Criador e administrador do blog Biomedicina Padrão. Criador e integrante do podcast Biomedcast.
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